quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Água!!

A água que atravessa a luz 
que atravessa a água,
que embaça os olhos, os vidros, os choros,
que dá vida à terra, ao beijo, ao gozo,
que bate na pedra e fura com gosto,
que vira canoa e faz tempestade,
e dá a quem espera a dor da saudade;


E se vem dos olhos, fruto do desgosto,
E se vem da boca, é o que prevê o anseio;
Limpa e ressuscita, o sonho da gente que aguarda;
Mata a sede na seca, translúcida menina;
Castiga o homem, põe abaixo à casa;
E após, incólume, lava a alma das feridas, sem perguntas nem quizilas;


Não desdenho a água, seu fulgor, sua graça, pois sou feita da matéria muito mais que um quarto;
Água, Água... se espraia, reluz, candeia... seduz;
Água minha limpa, água minha cara, água minha vida, não se faça rara.

sábado, 16 de maio de 2009

Tem que morrer para viver....

De vez em quando se tem que morrer um pouco, pro seu eu lembrar que está vivo e viver não é coisa que se desmereça  assim, sem quê nem por que. 

Entregar as dores sem demora,  respirar bem rápido, correr até ficar sem fôlego... Sentir o ar faltar e o coração disparar, o sangue pulsar nas veias e o veneno lentamente se diluir e desaparecer. 

Toda dor vivida mata um pedaço do peito, mata um pedaço de tudo... e fingir a perfeição, utopia inconseqüente, agrava qualquer angústia que em enleio deveras sente.

O dom de sonhos intermináveis, meu coração almeja, nunca acordar dos meus devaneios que insistem em acabar cedo... cedo demais. 

Nem bem comecei a amar, a querer bem, vem a sede implacável do sofrer e arranca por entre meus dedos bocados da minha fortuna, desmerecendo meus desejos, intensificando meus ais... Uma vontade indelével do ser de não subir alto demais? Será? 

Não tenho medo de quedas... Não tenho medo da morte. Tenho medo, isso sim, de passar incólume, sem me arranhar em todos os espinhos que ainda preciso sentir em minha carne pra saber que estou viva, que continuo a andar apesar de tudo.

E ainda, e talvez isso seja o pior, saber que existem dores nesse mesmo universo,  muito piores e maiores que as minhas, dores que eu nem sequer ousaria imaginar sentir, e ainda assim me abstraio do real, e me iludo presa ao mundo que criei. Mas isso dura pouco, pode ser uma ilusão ainda mais infantil, mas me ato a ela com todas as forças... 

Essas dores não podem durar mais que momentos, um dia de vítima, não me permito mais que isso... Não ousaria me entregar à essa inimiga tão mortal e mergulhar nesse lodo autofágico que consome até a mais pura beleza do ser.

E nesse ato de não entrega, me justifico e me descubro, viro cinzas e viro fênix, uma transformação, por mais que obsoleta, completa. Sinto a água, límpida, forte, implacável, me impulsionar, me arrebatar... Desculpe coração meu, mas não posso me entregar ao rancor, não vou usar amarras invisíveis pra me prender ao tempo que passou... Ele está lá e eu estou aqui e no momento isso me basta.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Can´t lose what you ain´t never had... Muddy Waters babe...



Eu assisti ontem a "Cadillac Records"!


E não é que a Beyoncé Knowles até que fez uma Etta James convincente...?! Surpreendeu-me...

Um trecho de uma linda música que fala de uma grande verdade: "Não há como perder o que nunca possuímos..." e apesar disso, "Got my mojo working, baby, but I just ain´t got it working on you"

Can´t lose what you ain´t never had

Had a sweet little girl, i lose my baby, boy ain't that bad
Had a sweet little girl, i lose my baby, boy ain't that bad
You can't spend what you ain't got,
You can't lose some little girl you ain't never had

Had money in the bank, i got busted, people ain't that bad
Had money in the bank, i got busted, people ain't that bad
You can't spend what you ain't got,
You can't lose some little girl you ain't never had

Ain't that the truth boys

Had a sweet little home, it got burned down, people ain't that bad
My own fault, people ain't that bad
Well you know you can't spend what you ain't got,
You can't lose some blues you ain't never had

Have mercy!

Sweet little home, got burned down, people ain't that bad
Yeah you know i had a sweet little home, it got burned down, people ain't that bad
Whoa you know you can't spend what you ain't got,
You can't lose some little girl you ain't never had

http://www.youtube.com/watch?v=N3ZTJusC3Xs

Ah, dez vezes VIDA!


15 de dezembro, a beleza explode na minha alma!!
Não me sei mais bela, tampouco mais sábia, muito menos mais amada.

O movimento é contrário.

Há mais amor em meu peito, mais brilho em meu olhar, mais vida saindo de mim do que na verdade entrando.
E isso é maravilhoso!


É um dia qualquer.
Não descobri a roda, não fiz nada de extraordinário,
não consertei ninguém, não arrumei meu armário.
E nem quero fazê-lo... Quer coisa melhor que os erros?
Meu mestres incomparáveis!


E em mim está toda a vontade de ser mais do que sou,
de ver onde não alcança a medida da minha miopia,
de andar até gastar todas as solas de todos os meus sapatos
e pular mais alto que qualquer barreira, qualquer traço, qualquer linha, real ou imaginária (as imaginárias são as que mais nos prendem ao chão... ah se são!)


Nesse dia nada extraordinário, e que por isso mesmo o é ainda mais,
Escolho, por dez vezes, VIDA,
o que somado, multiplica-se automaticamente,
diminuindo as dores, simplificando as equações amorosas,
desmistificando qualquer trigonometria,
soltando erratas e pedidos de desculpas à torto, à direito e à esquerdo!


Ah, escolho 10 vezes VIDA!


domingo, 14 de dezembro de 2008

Rododendro, rododendro....

















Quem sabe ver a beleza da flor?
Testemunhei um rododendro florescer...
Milhares de botões se abriram, em explosões de cores,
Prateavam a água, feito luar reflexo de imortal enlevo.

Meu coração já não sente, estremece.
Já não respira, apenas suspira,
E entrementes verte lágrimas.
Se não me querias, tampouco intencionava,
A culpa não é dita, nem é tua a malvada.
Não há ordem que olvide ao mais puro sua morada,
De amor azul e belo, como a fria madrugada.

E eu jurava, jurava ter visto rododendros,
Mas no fim não era nada.
Um novo começo pra mim, e que venham as suaves toadas,
Os sons mais puros e as doces melodias.

Minha voz que já não era minha,
Agora se despede,
E a inspiração para a poesia,
Se vai com as dores.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Surreal




Veja bem, meu bem...
Que mal pode haver em querer um só bem?
A vida é curta pra quem espera outrem
Mas praquele que vê bem, a vida é quimera ausente.
Surreal-mente. Surrealmente. Surreal? Mente!
Quem mente?
Eu, tu, ele, nós, vós, eles
.

Mente pra mim que me ocupo em sonhar.
Mas há de vir o dia em que sonhar não hei mais,
Ainda mais por quem nem sabe de onde vem, pra onde vai, ou por que veio.
Eu me caio em rodas por poemas saudosos, estratégias pueris, e eu caio.
Como me poderia saber, não tenho esperanças vãs, estou farta.
Farta de imaginar, Sobremaneira estressada de tanto excursionar por aí.
Bem que meu coração me disse: não liga! – Mas eu não soube ouvir.
É barulho demais, carros demais, vozes demais, gente demais!
Só quero gritar: BASTA!!!!

sábado, 11 de outubro de 2008

O Bem e o Mal

"Viver é muito perigoso... 
Querer o bem com demais força, 
de incerto jeito, 
pode já estar sendo se querendo o mal, 
por principiar.
Esses homens! 
Todos puxavam o mundo para si, 
para o concertar consertado. 
Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo.
(João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas)